terça-feira, 20 de maio de 2014

GSPL - Entregando-se à Morte.

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Roma, primeiro século da era Cristã. Coliseu, principal arena de espetáculos do Império. Nele existiam inúmeras apresentações que levavam o delírio do povo ao imperador. Peças, teatros de máscaras, declamações de poemas, e cantos eram entoados quase que diariamente. 
Mas havia dentro de suas comportas eventos chocantes e até mesmo desumanos que para aquela população não causavam qualquer remorso. Pessoas separadas para a arte da luta com armas, escravos ou livres, em sua maioria da classe baixa, lutavam entre si ou contra animais com o intuito da glória, anistia de dívidas, isenção de impostos e até mesmo liberdade de sua escravidão. Esse espetáculo era terrível, pois se já não bastasse o sangue, a carnificina e a mutilação presenciada por todas as faixas etárias, após a redenção de um dos combatentes era dever do imperador se levantar do trono, que lá existia exclusivamente para ele, e com seu polegar acenar a vida (polegar para cima) ou a morte (polegar para baixo) do vencido. O guerreiro já entrava no campo de batalha com um único pensamento: matar ou morrer. O que importava para ele era fazer o seu melhor para alcançar aquilo pela qual seria seu prêmio.

O que me deixou mais estupefato e foi a causa pela qual quis iniciar essa crônica é a questão desta luta não ser a atração mais horrenda do Coliseu. Existia uma classe de pessoas que eram literalmente lançadas lá dentro, sem direito a defesa alguma, muito menos a clemência do Imperador. Ao ser colocado no meio da arena, eram soltos leões, tigres, panteras, e toda espécie de carnívoro capaz de mutilar um corpo humano, estando ele ainda vivo. O que vale ser ressaltado é que igual ao povo que assistia a tudo isso, e deliravam, essas vítimas não possuíam distinção de idade ou sexo, ou seja, crianças, idosos, adultos, homens e mulheres, todos eram lançados lá. A causa: professarem o credo em Jesus Cristo. O que para Roma era traição ao Imperador, já que esses mártires pregavam ser o seu Deus o único Deus que deveria ser adorado e não a figura do César.
Começando a partir desse episódio e destrinchando por toda a história percebi que sempre existiram pessoas dispostas a morrer por um ideal. Pessoas dispostas a doar a sua vida em função de uma meta que guardava a convicção de ser a certa. Homens e mulheres que entregaram-se à morte. 
E o que me fez questionar foi: qual o motivo de alguém não ter a sua vida por preciosa em favor de algum pensamento ou ideia que julgue ser certa? E sobre isso gostaria de falar um pouco mais.


Antes dos motivos, devemos falar sobre esse caminho escolhido por ambos. Tanto os gladiadores, quanto os cristãos. A morte. Segundo o Winkipédia, a morte "é o processo irreversível do cessar das atividades biológicas necessárias à caracterização e manutenção da vida em um sistema outrora classificado como vivo." Ou seja, depois dela: fim da vida na Terra. Essa vida tão desejada, tão preciosa, que todos disputam diariamente para nela permanecer. E vem alguém que faz desdém deste dom. Por quê? Qual o distúrbio psicológico que tais pessoas sofrem? Nenhum. Tal atitude não possui nenhuma explicação na base da razão, sobretudo estar na fé. A fé possui seu significado com esplendor na epístola a Hebreus, capítulo 11, versículo 1 "Ora a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a certeza das coisas que não se veem." É pisar antes de ver o chão, é pular antes de saber se vai ser pego, é confiar, mesmo sem ver aquele que te garante o sucesso. 

Os gladiadores se viam entre "a cruz e a espada". Então arriscavam tudo nas batalhas, com a intenção de agradar ao seu superior e ele lhe conceder a liberdade. Sendo que muitos após as vitórias não alcançavam tal objetivo e continuavam para outras lutas. Já os cristãos confiavam em uma vida futura e eterna, assegurada pelo seu líder Jesus. A confiança passada por eles na hora de suas mortes fazia com que milhares de outros espectadores confiassem e passassem a serem adeptos ao seu modo de vida. 
A morte não era barreira para a confiança deles, ao contrário, era o caminho mais curto que eles encontravam de se encontrar com o seu Salvador. Sua fé foi tão poderosa que fez de sua religião alguns anos após o oficial desse mesmo império perseguidor e se estendeu por séculos, até hoje.
Martim Luther King e Malcolm X são exemplos de mártires que lutaram a favor da igualdade racial; Mahatma Gandhi foi outro combatente em favor da liberdade de sua nação; Tiradentes, morto pelo ideal republicano entre outros. Todos esses morreram, e mesmo depois de sua morte continuaram existindo o revés de tudo quanto eles lutaram. Mas eu te pergunto, foi em vão? Claro que não. Sua morte valeu a pena? Claro que sim. Todos eles têm em comum, que seria: que não era importante ter a vida se tivessem que conviver com aquela barreira, e se mesmo após a morte eles não a conseguissem derrubar, seu sangue seria o líquido que regaria novos combatentes. Desta forma viveram, e além disso, morreram. E hoje são figuras marcantes na história mundial, inspirando a nova geração.

Com esse texto queria expor uma visão minha que vejo ser necessária ser passada adiante. Não é minha intenção querer incentivar alguém a tirar sua própria vida por algo que julgue ser certo. Não a tire, mas a dê. A diferença primordial entre esses dois verbos estar em: você tirando-a vai apenas mostrar um fanatismo unido a irresponsabilidade e imaturidade nos seus atos. Mas na entrega de sua vida, você primeiramente vai analisar até as ultimas instâncias como e por que defender aquele ideal, logo após, embasado e cheio de argumentos convincentes, irá ser ativo no meio que vives. Consideras tal coisa primordial para a melhoria de seu meio social? Não se cales, divulgue a ideia, vá até a ultima instância, não se prenda nos embaraços. Saiba que encontrará adeptos e inimigos. Saiba que haverá pessoas a favor contra. Você vai agradar e incomodar muita gente. Mas não permita ser vencido por ninguém. Persista no seu alvo. Vá em frente. Independente do que aconteça se fizeres bem feito, e da forma certa. Serás lembrado para sempre.
As pessoas que deixaram marcas neste mundo não foram aquelas que agradaram a todos, antes, aquelas que no primeiro momento desagradaram, mas suas palavras foram tão fortes que se fixaram na mente, entraram no coração, e mudaram a vida de milhões.
Não espere iniciar em coisas espetaculares, comece com coisas simples, eu comecei com meu blog. Quem sabe daqui a alguns anos não estou discursando para uma nação. E dessa forma possa consertar o que hoje vejo de tão errado em meu país. Comecem expandindo por perto, amigos, família, vá crescendo de forma sustentável, até atingir o patamar de Símbolo da Nação.
Utopia? Pode ser. Conseguirei? Não posso afirmar. Mas tenho plena certeza que até me entregar à morte, posso fazer muito nessa vida.


Filipe O. Concercio S.

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